Na semana retrasada, esse ícone da cultura pop completou 50 Anos, sendo trinta deles dedicados especialmente apenas ao mundo da música e da arte contemporânea e uma das coisas que posso garantir a vocês antemão é que em hipótese alguma você encontrará alguém tão gracioso a ponto de se reinventar a cada novo lançamento, como ela.
Para alguns ela é só mais uma cantora que faz coisas malucas para chamar atenção, para outros um mártir da arte do movimento contemporâneo, mas a excentricidade dessa cantora talvez tenha sido uma morte súbita para si mesmo. Óbvio que estamos falando de Björk, uma das cantoras mais influentes e aclamadas que esse mundo possa ter conhecido.
Dona de uma discografia de oito álbuns de se dá inveja a qualquer artista, Björk sofre um dos maiores problemas enfrentados por artistas com muitos anos de carreira: o esquecimento popular, o que acaba o tornando-a irrelevante aos olhos da mídia, mesmo que seu nome seja um dos mais conhecida hoje em dia, poucos são os que dão a devida atenção que sua música merece.
Logo no início dos anos 2000, após lançar três álbuns aclamados pela mídia Björk é convidada a desempenhar o papel de Selma, personagem principal do filme Dançando no Escuro dirigido pelo cineasta Lars Von Trier. A atuação da cantora rendeu-lhe o Prêmio de Cannes. A cantora foi também responsável por toda a trilha-sonora do filme que foi indicada ao Óscar, mas infelizmente perdeu.
Mas independente disso tudo, o mundo jamais poderá pará-la e suas genialidade! Como não lembrar de um dos momentos mais marcantes do Oscar em 2001, quando uma mulher de olhos puxados usando um vestido de cisne botou um ovo em pleno tapete vermelho? São atos como esse que fazem de Björk um dos maiores ícones da cultura moderna.
Mas agora chega de conversa fiada e vamos debater o que realmente nos interessa: música! Aliás, estamos aqui especialmente para falar sobre isso e nessa edição da coluna iremos abordar toda a discografia dessa mulher que sem sombras de dúvidas será relembrada por tudo que já fez.
Debut, 1993
Debut foi uma das grandes promessas da música em 1993. Lançando logo após a saída da cantora da sua banda The Sugarcubs, o álbum marca o início de uma nova era para Björk. O álbum brinca com elementos diversificados que vão desde o clássico Jazz às batidas frenéticas e naturais do Trip-Hop na sua mais pura essência.
Dentre os singles estão músicas como Human Behaviour que se tornou um marco na indústria visual da época. Diferente de clipes básicos e sem mega produções, Björk aproveitava toda a sua diferença visual para produzir os clipes mais loucos que alguém podia ver na TV. Exemplo claro disso é toda a brincadeira que a cantora faz no clipe de Venus As A Boy ou Big Time Sensuality onde ela rebola na traseira de uma caminhão em plena Nova Iorque.
Post, 1995
Após uma choque cultural de dance music o mundo tinha sede por novos artistas e aos poucos Björk percebeu que aquele era o momento certo para mostrar tudo que ela sabia fazer de melhor: inovar. E foi assim que surgiu seu segundo álbum. Embalado pela clássica It's Oh So Quiet, Post se tornou um dos álbuns de maior sucesso da década de 90 e é a união de tudo aquilo que mais se consumia na época: Jazz, Pop e Musicais.
Além disso o álbum conta com outros grandes sucessos, como Hyper-Ballad, I Miss You e Possible Maybe. Army of Me deu início ao que seria os futuros trabalhos da cantora, totalmente envolvida em conceitos artísticos. Isobel ultimo single do CD é uma homenagem a cantora brasileira Elis Regina, a qual björk se considera fã de carteirinha.
Homogenic, 1997
Cansada de tudo que a rodeava e que havia feito nos seus trabalhos passados, Björk chegou a passar um bom tempo longe do mundo da música. Ela sentia necessidade de fazer algo que ninguém jamais tenha feito e foi assim que todo o processo criativo do seu terceiro álbum começou, mas para que isso se tornasse real era preciso produzir algo que jamais ninguém tenha feito.
Por fim a cantora decidiu se isolar de tudo. Seu segundo álbum unia tudo aquilo que ela mais queria e para que houvesse uma quebra nisso tudo. Na busca de inspirações a cantora sentiu a necessidade de fazer um trabalho conceitual e assim surgiu seu terceiro cd que marcou o afastamento de tudo e deu o ponta pé na sua excentricidade.
Homogenic foi produzido baseado nos sons efervescentes da natureza do seu pais de origem e até hoje é considerado o melhor álbum atemporal produzido nas ultimas cinco décadas. É como se todas as músicas se conectassem milimétricamente.
Vespertine, 2001
Os anos 2000 estavam apenas começando e Björk sentia uma necessidade ainda maior de produzir algo que a torna-se uma figura cada vez marcante. Se para produzir seu álbum anterior ela chegou a ficar longe de tudo, no seu próximo o processo criativo não seria diferente, mas iria demorar muito mais do que estávamos acostumados a esperar.
Sons celestiais, harpas, coros e caixa de música foram elementos básicos da produção do onírico do Vespertine. O álbum experimenta a profundeza dos sentimentos e ironiza o sexismo da mulher representada nos três singles de divulgação do álbum. Uns dos fatores mais cativantes do CD é o uso de sons nada comum, como a extração de sons de pedras na faixa Aurora.
O clipe de Pagan Poetry foi um dos mais polêmicos lançados pela cantora em toda sua videografia. O mesmo contém cenas de automutilação e conceitos baseados no sadomasoquismo e masoquismo o que fez com que o vídeo fosse banido da MTV na época.
Medúlla, 2004
Basicamente tudo que havia que ser feito no mundo da música já tinha sido produzido até meados de 2004. E analisando o processo criativo e inovador dos dois últimos álbuns lançados pela cantora, aparentemente nada mais se tinha para o que fazer e foi a partir disso que uma busca cessante se iniciava em busca de novos conceitos e elementos inovadores.
Idealizado como o primeiro álbum vocal da história da música, Medúlla consagrou Björk como uma das mais inovadores e minimalistas cantoras do século. O álbum foi considerados pelos críticos como uma verdadeira obra prima indescritível, visto que não há a presença de instrumentos, apenas vocais que se distinguem por cappellas, coros e beat-box.
No mesmo ano Björk foi convidada para abrir as Olimpíadas de Atenas, onde apresentou a canção Oceania, carro chefe do álbum.
Volta, 2007
Taxado pela própria cantora como "uma volta as origens" o sexto álbum da cantora prioriza todo o experimentalismo dos seus últimos trabalhos até o seu primeiro. A sonoridade do álbum viaja por um imenso universo de sons culturais que vão dá África à Malásia, mas mantendo toda a questão de álbuns urbans conceituais que se tornou uma marca de Björk.
O conceito de Volta consiste em ser um álbum crítico de protesto. Dentre as faixas principais estão músicas como Earth Intruders, Declare Independence, Wanderlust e Innocence que conta toda uma história por trás de uma forma mascarada. Um dos feitos mais marcantes do álbum é a produção do primeiro videoclipe em 2D do mundo da música que você confere abaixo.
Biophilia, 2011
Sem sombra de dúvidas um dos mais perfeitos registros musicais da cantora, Biophilia marca o encontro da tecnologia com a música e instrumentos nada convencionais. Desde o início o álbum foi apresentado como um App Album (album em formato de aplicativo) com o intuito de levar música e biologia as crianças e foi produzido através de um iPad.
Biophilia se sustenta sobre temáticas de fenômenos naturais e físicos biológicos. Um dos maiores problemas enfrentados por Björk na etapa de produção foi o de como reproduzir o som que queria para cada música. Como por exemplo na faixa Thunderbolt onde ela usa uma bomba tesla para reproduzir o barulho de trovões enquanto canta sobre eles.
Vulnicura, 2015
Mesmo que o sofrimento esteja presente em cada álbum da cantora de forma maquiada, Vulnicura mostra o pico da sinceridade de uma mulher após um processo de separação. Björk fez questão de representar em todas as dez musicas presentes no álbum todas as dores que ela sentiu durante passava por tudo isso.
Durante a turnê de divulgação do álbum, a cantora se sentiu forçada a interromper e cancelar vários shows em todo o mundo, visto que se sentia sufocada ao cantar tais musicais na sua mais pura essência e conceito. Após o lançamento do material a cantora classificou o álbum como um processo de cura de uma ferida. Mesmo sendo um trabalho reservado, a cantora fez questão de trazer algo inovador para o álbum e ficou responsável por ter o primeiro clipe em 360º do YouTube que você pode conferir logo abaixo.
Espero que tenham gostado! Aproveite os comentários para deixar sua opinião sobre a coluna e sua primeira edição, além de dicas do que vocês querem vê aqui futuramente!